terça-feira, 7 de abril de 2009

Manoel de Oliveira

Panorama Cinematográfico de Manoel de Oliveira

Falar em Manoel de Oliveira significa apresentar um cineasta com uma obra vastíssima mas também um cineasta muitas vezes odiado, ainda que, por outro lado, amado por muitos – especialmente por amantes de cinema de autores, onde os filmes são minuciosamente cuidados.

Para conhecerem um pouco da trajectória cinematográfica do autor, deixo-vos aqui algumas sinopses e trailers dos seus filmes.

VALE ABRAÃO
Sinopse
Baseado na obra homónima de Agustina Bessa-Luís, uma das mais conceituadas autora contemporâneas portuguesas, Vale Abraão narra a história de Ema, uma mulher de uma beleza ameaçadora.
Para Carlos, o marido com quem casou sem amor, "um rosto como o seu pode justificar a vida de um homem".
O seu gosto pelo luxo, as ilusões que tem na vida, o desejo que inspira aos homens, fazem-lhe valer o epíteto de "A Bovarinha", por conta da sua semelhança com Madame Bovary, da obra de Flaubert.
Conhecerá três amantes, mas esses amores sucessivos não conseguem suster um sentimento crescente de desilusão que a leva a definir-se como nada mais que "um estado de alma em balouço".
Ema morrerá - "acidentalmente? Quem sabe?" - num dia de sol radioso, depois de se ter vestido como se fosse para ir a um baile.



A CARTA
Sinopse
"A Carta" é uma adaptação para o cinema e para a Paris actual, de 'La Princesse de Clèves', de Madame de LaFayette ou, mais precisamente, uma montagem de trechos da referida obra. A estrutura narrativa do filme caracteriza-se por sua simplicidade, mas a organização interna dos planos é construída com precisão, minuciosamente.
Pedro Abrunhosa e a bela Chiara Mastroianni estão óptimos e convincentes.
Mademoiselle de Chartres teve sua primeira desilusão amorosa: ela foi abandonada pelo mesmo jovem com que teve um relacionamento aberto.
Uma noite, Madame Silva, amiga de sua mãe e esposa do director da Fundação Gulbenkian, a apresenta ao renomado médico, Dr. Jacques de Clèves. Ele apaixona-se imediatamente pela jovem quando a vê escolhendo um colar em companhia da mãe, num famoso joalheiro da Praça Vendôme. A jovem aceita ser esposa do médico, mesmo não sentindo nenhuma paixão por ele.
Esta paixão estará voltada para um jovem cantor da moda, Pedro Abrunhosa. Acreditando que este amor está desabrochando na sua filha, Madame de Charles pouco antes de morrer, alerta a jovem para ser prudente.
A jovem deseja apenas ser fiel e merecer a confiança que o marido deposita nela. Agora, sem ter mais os conselhos da mãe, ela visita regularmente uma colega de escola que vive num convento em Paris.
Cada vez mais pressionada pelo que sente por Pedro Abrunhosa, que a tenta fazer viver essa paixão, Mme de Clèves decide revelar os seus sentimentos para o seu marido, na tentativa de que ele a ajude nesse dilema. Mas o seu marido, que confirmava assim a sua suspeita, morre pouco tempo depois de conhecida a verdade.
Viúva, Mme. de Clèves não se casará com o cantor: ela havia perdido alguém uma vez no jogo do amor e tem medo de perder outra vez um homem que é adorado por outras mulheres. Sem dizer a ninguém, Mme de Clèves desaparece.
Sua amiga religiosa recebe um dia uma carta da África: Mme. de Clevès partiu com um grupo de missionários; foi socorrer as populações martirizadas pela guerra civil, a doença e a fome.



OS CANIBAIS
Sinopse
Adaptação do conto "Os Canibais", da autoria de Álvaro Carvalhal e com música original de João Pães, “Os Canibais” é um filme-ópera em tons de comédia sarcástica no qual toda a acção se desenvolve em torno da música interpretada pelos actores que representam a alta sociedade aristocrática do séc XIX.
Apaixonada pelo belo e misterioso conde d'Aveleda, Margarida desdenha a corte de Dom João, que queria casar com ela. Na noite de núpcias o conde revela o seu terrível segredo. Horrorizada, Margarida atira-se pela janela. O conde deita-se ao fogo da grande lareira.
Na manhã seguinte, os pais da noiva, ignorando tudo, comem os restos do conde "assado" na lareira durante a noite. Quando se dão conta, querem fugir dali desesperados, mas a notícia de uma 'fabulosa herança' reconcilia-os com a vida.
"Esta história gosta do sangue azul, gosta da aristocracia, aquele que quiser escutar-me deverá fazer comigo a peregrinação através da alta sociedade, aquela onde em vez de falar se canta." (Voz de um 'cicerone' com um violino, no filme).



Para concluir esta apresentação algo humilde e reduzida sobre a obra de Manoel de Oliveira, sugiro que visitem a página seguinte onde se pode ver detalhes sobre toda a sua filmografia, biografia e também sobre pontos de vista do artista sobre si mesmo.

http://www.madragoafilmes.pt/manoeloliveira/index_corpo.html

Finalmente, não se esqueçam de deixar aqui algum comentário sobre algum filme que conheçam, se gostam do cineasta, se já tinham ouvido falar, se gostariam de ver algum filme, etc...

10 comentários:

Mª José Buenavida disse...

Olá! Eu não tinha oido falar de Manoel de Oliveira. Acho que o que ele sente é verdadeiro amor pelo cinema. Com cem anos e ainda a trabalhar no que gosta...
Agora, além de algum livro de Saramago, terei de ver algum filme de Oliveira. Fica pendente.
Até breve. Beijinhos

Miguel disse...

Gostei muito da página de Manoel de Oliveira. Nela estive a pesquisa do título de um film que vi há alguns anos: "Un filme falado" que ten como particularidade que esta feita em varias linguas. Acho que é um filme muito recomendavel embora tem um final terrivel...

Eloísa disse...

Eu tenho ouvido falar de Manoel de Oliveira nas aulas de português, mas não vi nenhum filme dele. Gostar-me-ia ver quaisquer um destes, por exemplo o de Os Canibais parece curioso. Também estive a dar uma espreitadela ao dossier na Madragoafilmes e pareceu-me interessante

María disse...

Gostaría muito dçver algum film de Manoel de Olivira, mas não sei si vou apanhar tudo o que dizem. Há algúm film na escola deste homem?
Até breve.

Caty Benito disse...

Olá a todos.
Eu acho que Oliveira e digno de admiração, é increivel que com cem anos faça planos para o futuro.
O grande actor Dustin hoffman, diz que seria muito interessante unir-se a Oliveira em qualquier projecto.O bocadinho que eu conheço lembra-me ao director espanhol Luís Buñuel. Oliveira tem grandes amigos em Espanha como são o Carlos Saura (gram director que fiz um filme sobre os fados)e Pedro Almodovar, a quem gosta fazer viagem a Lisboa para jantar com Oliveira em alguma casa de fados.

JSongy disse...

Olá a todos,
Realmente Manoel de Oliveira é digno de elogios, com cem anos e ainda a fazer projectos de futuro e, mais ainda, no trabalho... Quando se ama o próprio trabalho, é assim...
Verdade seja dita, o cineasta não goza de muito boa reputação em Portugal, apesar de ser admirado pelo seu trabalho, os seus filmes são vistos como chatos e aborrecidos... Mas há quem goste e, como diz uma amiga minha, por isso é que o mundo não tomba! Enfim, o Miguel parece ter gostado de Um Filme Falado... Penso que na escola há algum filme dele, se quiserem, lembrem-mo lá e procuramos algum para que o possam conhecer através da sua obra, ok?
Abraços!

Anónimo disse...

Manuela disse...
Olá,
Acho que Manoel de Oliveira é um jovem na pele dum idoso com as ideias muito claras e que o seu mundo está cheio de experiência e amor pela sétima arte onde fica plenamente relizado e feliz.
É um exemplo de vida para imitar.

Pepe disse...

Eu não gosto também não muito dos filmes do Manoel de Oliveira. Mas é preciso reconhecer os seus méritos. Também é possível que não estejamos acostumados a este tipo de cine coma invasão dos EEUU: um cinema mais entretido e espectacular.

JSongy disse...

Manuela,
Tens razão, é digno de elogio ser-se capaz de manter a chama da criatividade viva aos cem anos e a vontade de trabalhar... Conheço certas pessoas que recusam reformar-se.. Não porque os dinheiro lhes faça falta mas porque se o fazem começam a morrer pouco a pouco... A força que levam para o trabalho mantém-nos vivo!
Beijinhos!

JSongy disse...

Pepe,
É verdade que estamos acostumados ao cinema Americanos, mas são os Europeus, em geral, um bocado lentos e aborrecidos? Claro que há escelentes cineastas e filmes europeus também... Mas penso que os europeus tendem a querer ser mais "geniais" uns do que os outros e acabam por fazer filmes extremamente secosos! Um abraço!